sábado, 11 de janeiro de 2014

É ORGANIZADO POR MOTOCICLISTA?

Lomanto Lacerda
Editor Moto Legal
Presidente do Sindicato
dos Motociclistas e
Mototaxistas
do Sul da Bahia
Ultimamente tenho ouvido muito essa frase nas redes sociais por algumas pessoas e ontem fui dormir com ela na cabeça; “é organizado por motociclistas”.
Comecei a pensar porque eu gosto tanto desse veículo de duas rodas que não consegue ficar em pé sozinho sem o piloto tomar as medidas necessárias. Comecei a lembrar de 1982 quando meu irmão comprou CG 125 e eu pegava escondido assim que o sol raiava antes dele ir trabalhar para dar umas voltas, lembrei da  CB400 que comprei quando comecei a ganhar dinheiro e dos amigos de todas as cilindradas que são motociclistas, cada um com seu jeito de ser e suas histórias, mas todos com uma visão de mundo muito parecida.
Na quinta-feira passada estávamos todos no posto em Ilhéus reunidos no encontro semanal que acontece a quase um ano quando um rapaz com necessidades especiais chegou e ficou olhando para as motos, máquinas que por muito tempo estimulou uma outra frase “ele é motoqueiro?”.  Os olhos dele brilhavam de felicidade e quando um dos nossos amigos pediu que ele acelerasse ele foi a êxtase de tanta felicidade e eu fiz um comentário para um dinossauro motociclista:  “esse rapaz é motociclista”. Não pilota, cheio de limitações físicas, mas todos nós sabíamos que ali dentro tem um espirito dessa coisa chamada motociclismo e a forma que ele foi recebido quando chegou perto daquele grupo de homens já formados tão carinhosamente mais uma vezes mostrou o quando esses caras que andam de moto são especiais.
Depois de ter ficado falido separado da segunda mulher fui fazer mototáxi em Itabuna, uma profissão muito legal que o cara ganha dinheiro pilotando uma moto e nessa época eu tinha um companheiro de trabalho que si chamava Fal, um negão com os olhos de fusca que tinha mais mulheres que um Sheik em um harém. Certa feita saímos para pegar dois cliente que solicitaram o serviço e em uma avenida que beira o rio em Itabuna íamos devagar pilotando e conversando quando ele esticou  o braço esquerdo arregalou os grandes olhos e falou; “Gosto muito de ser motociclista, essa sensação de liberdade, olha que delicia esse vento”, essas palavras nunca saíram de minha cabeça. Outro dia encontrei Fal de carro e perguntei da motoca e ele falou que precisou vender pois a filha nasceu e ele foi para o sacrifício, pois motociclista não transporta criancinhas em moto. Falei para ele: irmão depois compramos moto, estou na mesma situação, mas o pior que trabalho com motociclistas e as vezes vejo alguns que são só pilotos de motocicletas falarem, “só si for por motociclista”. 
A retorica por parte de poucos no meio de milhares passou a ser tão grande que causou a reflexão; porque isso? 
Será que esses caras não conhece a história do motociclismo e todas as discriminações que os caras sofreram por gostarem de pilotar uma moto? 
Será que segregar quem é e quem não é motociclista criando um mundo fechado seria melhor para o motociclismo? 
Será que os que já tiveram moto como eu Fal e até o ex-presidente da AMO-BA não são motociclistas? 
No mundo do motociclista não cabe cor de  pele, religião, nacionalidade, orientação sexual,  cilindrada de moto, limitações físicas ou si o cara estar ou não com uma moto ou a quanto tempo estar sem moto, pois depende da grana que ele tem no bolso e das suas necessidades pessoais e de sua família.
Aprendi também que o melhor remédio para esse tipo de comentário triste e elitista é você lembrar dos bons:  Gentil, Delson, Piuí, Joelson, Adrianos, Oliveira, Tabajara, Loyola, Guga, Cassola, Costa, Joatan, Marcos, Márcios, Danilo, Paulos, Ricardos, Ruiter,  Luís, Eduardo, Niba, Acram, Villa, Tom, Wallace, Fabinho e tantos outros que precisaria de quilômetros para escrever todos. Quando você ouvir algumas coisa desagradável lembra de uma muito agradável como eu faço, pois a sensação desagradável passa na hora. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE