sábado, 28 de junho de 2014

CINQUENTINHAS E ACIDENTES

Lomanto Lacerda
Diretor Presidente do
SINDIMOTO SUL BAHIA
Venho de uma época do romantismo no motociclismo, que quase todos andavam sem capacetes, sem habilitação e sem conhecimento de suas consequências.  Como apaixonados enchíamos a cara de vinho barato com nome de santo e saímos pilotando as poucas motocicletas que existiam no Sul da Bahia. Fazíamos curvas ocupando a pista inteira, pois e a quantidade de veículos que circulavam na época era tão pequena que dava até para “bater um baba” na rua sem ser incomodado por carros e sem fiscalização.

Hoje olhando para traz vejo que sobrevivi, pois muitos morreram por falta de instruções mínimas de condução da motocicleta ou por falta de equipamento de segurança. Hoje depois de uma curva sempre tem um carro e perdemos a margem de erro na “roleta russa do trânsito” e mesmo com todo avanço dos equipamentos e com o aumento da fiscalização a quantidade de acidentes com vítimas fatais tem aumentado muito; números assustadores.

Fui procurado por um mototaxistas que muito assustado solicitou apoio do Sindicato, pois estava conduzindo uma passageira em sua moto pela BR-415, Itabuna até Ferradas, (fiscalizada pela Polícia Rodoviária Federal), quando viu um triângulo na pista e três metros depois ele passava por cima do ciclomotor (cinquentinha) que estava caída na pista. Ele ficou no meio da ferragem da cinquentinha machucando o braço, pois o bêbado que conduzia a cinquentinha havia minuto antes insistido para que o veículo dele ficasse na pista escura para ser feita a “periça”. A passageira foi arremessada a alguns metros e levada ao hospital onde veio a falecer devido à gravidade dos ferimentos.

A legislação é clara referente à sinalização do local, 30 metros, não 3 metros. 

A moça que faleceu mãe de duas crianças foi mais uma vitima da falta de fiscalização na nossa região.

Lembro-me de ver na porta da Secretária de Transporte e Trânsito de Itabuna mês passado, empresários questionando as poucas e insuficientes blitz na cidade destinadas as cinquentinhas e que estavam atingindo a rentabilidade comercial deles. Lembro-me de um amigo político falando dos prejuízos eleitorais que essas blitz causam para quem as realizam. Lembro-me dos filhos dessa moça que ficaram sem a mãe. Lembro-me dos adolescentes que diariamente vejo circular pelas ruas em suas cinquentinhas adulteradas em alta velocidade em tempos menos românticos que os da minha adolescência.


A orfandade de uma mãe é dolorida, mas a do poder público é fábrica de órfãos.

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