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Lomanto Lacerda Diretor Presidente do SINDIMOTO SUL BAHIA |
Venho de uma época do romantismo no motociclismo, que quase
todos andavam sem capacetes, sem habilitação e sem conhecimento de suas
consequências. Como apaixonados enchíamos
a cara de vinho barato com nome de santo e saímos pilotando as poucas
motocicletas que existiam no Sul da Bahia. Fazíamos curvas ocupando a pista
inteira, pois e a quantidade de veículos que circulavam na época era tão
pequena que dava até para “bater um baba” na rua sem ser incomodado por carros
e sem fiscalização.
Hoje olhando para traz vejo que sobrevivi, pois muitos
morreram por falta de instruções mínimas de condução da motocicleta ou por
falta de equipamento de segurança. Hoje depois de uma curva sempre tem um carro
e perdemos a margem de erro na “roleta russa do trânsito” e mesmo com todo
avanço dos equipamentos e com o aumento da fiscalização a quantidade de
acidentes com vítimas fatais tem aumentado muito; números assustadores.
Fui procurado por um mototaxistas que muito assustado
solicitou apoio do Sindicato, pois estava conduzindo uma passageira em sua moto
pela BR-415, Itabuna até Ferradas, (fiscalizada pela Polícia Rodoviária
Federal), quando viu um triângulo na pista e três metros depois ele passava por
cima do ciclomotor (cinquentinha) que estava caída na pista. Ele ficou no meio
da ferragem da cinquentinha machucando o braço, pois o bêbado que conduzia a
cinquentinha havia minuto antes insistido para que o veículo dele ficasse na
pista escura para ser feita a “periça”. A passageira foi arremessada a alguns
metros e levada ao hospital onde veio a falecer devido à gravidade dos ferimentos.
A legislação é clara referente
à sinalização do local, 30 metros, não 3 metros.
A moça que faleceu mãe de duas
crianças foi mais uma vitima da falta de fiscalização na nossa região.
Lembro-me de ver na porta da Secretária de Transporte e
Trânsito de Itabuna mês passado, empresários questionando as poucas e
insuficientes blitz na cidade destinadas as cinquentinhas e que estavam atingindo a rentabilidade
comercial deles. Lembro-me de um amigo político falando dos prejuízos eleitorais
que essas blitz causam para quem as realizam. Lembro-me dos filhos dessa moça
que ficaram sem a mãe. Lembro-me dos adolescentes que diariamente vejo circular
pelas ruas em suas cinquentinhas adulteradas em alta velocidade em tempos menos românticos que os da minha adolescência.
A orfandade de uma mãe é dolorida, mas a do poder público é
fábrica de órfãos.
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